Rever sua história, escrever caminhos

As primeiras atividades propostas no percurso formativo do Programa Itaú Social UNICEF convidam as OSCS a revisitar sua história e a escutar a comunidade atendida para se fortalecer e enfrentar os grandes desafios deste momento

A etapa de percurso formativo do Programa Itaú Social UNICEF já está com as atividades abertas no Google Sala de Aula para as OSCs inscritas e consideradas aptas pelo regulamento. O percurso completo é formado por três estações, com focos e atividades distintas e complementares.

A Estação 1 – Olhar para dentro convida as instituições a:

  • revisitar sua história, sua missão e seus processos de gestão;
  • escutar a diversidade das crianças e adolescentes atendidos(as) e;
  • pensar sobre como tem lidado com desafios, inclusive os do atual contexto de pandemia. 

Para contar como as atividades propostas nesta primeira estação foram elaboradas e qual a sua importância nesse percurso, conversamos com a equipe do CENPEC Educação responsável pela coordenação técnica do Programa. Coordenada pela psicóloga especialista em saúde coletiva Letícia Araújo Moreira da Silva, a equipe é formada pela bacharel em Letras e mestre em Literatura Brasileira Giselle Rocha, a comunicóloga Mariana Cetra, a psicóloga Rebeca Bergamaschi e a estudante de Ciências Humanas, Políticas Públicas e Ciências Econômicas Pamela Lacorte.

Letícia Araújo Moreira da Silva
Letícia A. Moreira da Silva

“Toda e qualquer transformação depende de uma reflexão integral, de um olhar atento para nossa essência, para o que nos conecta aos outros. Ao convidar as OSCs a revisitarem suas histórias, esperamos contribuir com um processo rico de transformação e de percepção em relação ao que são, a sua missão, seus propósitos, o público atendido, as articulações estabelecidas nos territórios etc. Esperamos um movimento coletivo das organizações, principalmente em um contexto como o que estamos vivendo: de pandemia, de direitos sendo subtraídos, de redução de investimento no terceiro setor”, almeja Letícia.

 Mariana Cetra
Mariana Cetra

A reflexão é fundamental para que as organizações possam enfrentar os grandes desafios que este momento traz para toda a sociedade. “As mudanças sempre iniciam dentro de cada um e de cada uma de nós. Por exemplo: enquanto eu não reconhecer onde, dentro de mim, estão minhas atitudes ou pensamentos racistas, eu não vou promover uma educação integral e inclusiva. Isso vale para todas as opressões. Fomos educadas e educados a partir de uma diretriz hegemônica, machista e racista”, reflete Mariana.

“O convite para que as OSCs olhem pra dentro de si mesmas, buscando ser transparentes e verdadeiras com sua essência, pode colaborar para o enfrentamento dos grandes desafios que o momento traz e seguir na direção de uma sociedade equitativa e dialógica.” 


Atividades: diálogo entre forma e conteúdo

Rebeca Bergamaschi

Por meio de textos, vídeos e orientações detalhadas, a Estação 1 convida as OSCs a produzir um vídeo de até 3 minutos com a participação de educadores, crianças, adolescentes e familiares do território.

“A sugestão é que as organizações lancem mão de diferentes formas de expressão, como vídeo-chamadas gravadas, carta, poema ou música para contar sua trajetória”, conta Rebeca.

As propostas desta estação ainda incluem a criação de uma linha do tempo de sua história, entre outras propostas de reflexão e discussão sobre o trabalho realizado.

 Giselle Rocha
Giselle Rocha

Giselle Rocha explica que as atividades do percurso formativo foram estruturadas tendo como pilar três eixos: o desenvolvimento institucional, o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes e a articulação do território; além da temática da diversidade, que se faz presente de maneira transversal.

“O desafio é conseguir fazer as organizações perceberem que os três eixos são indissociáveis, ou seja, para atingir o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes é imprescindível olhar para o território em que a organização atua e o modo faz sua gestão. Ao serem provocadas a refletir sobre estes três eixos e sobre a temática da diversidade, as OSCs estarão mais perto de praticar uma educação integral e inclusiva”, diz Giselle. 


Próximos passos 

 Pamela Lacorte
Pamela Lacorte

Após esta etapa de reflexão sobre sua história, a Estação 2 convidará as OSCs a olhar para fora.

“Será o momento de escutar com atenção as crianças e os adolescentes atendidos, seus familiares, a comunidade, as instituições parceiras e os diversos profissionais envolvidos com o trabalho da organização; sempre dentro dos limites que o isolamento social permite”, pondera Pamela.

Já a Estação 3 propõe a elaboração de um Plano de Intervenção com propostas de mudanças. 

Ao final das três estações, as OSCs terão um olhar global sobre sua atuação em diversas esferas. Para a educação integral e inclusiva acontecer, explica Mariana, é importante que a organização esteja em diálogo com o território, articulada aos outros sujeitos locais; que promova o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes; que se desenvolva institucionalmente – pensando na sustentabilidade técnica e financeira –; e que acolha a diversidade, valorizando-a e combatendo qualquer tipo de preconceito e discriminação.